28.9.09

Líder nas pesquisas para o governo, Alckmin isola-se no PSDB
Caio Junqueira, Valor Econômico, 28/09/2009

A isolada liderança de Geraldo Alckmin (PSDB) para a sucessão do governo paulista em 2010 não tem sido suficiente para que seu nome tenha a unanimidade de seu partido, muito menos de seus principais aliados, DEM e PMDB. Há uma crescente mobilização para viabilizar a candidatura do seu correligionário, o secretário-chefe da Casa Civil de São Paulo, Aloysio Nunes Ferreira, distante de Alckmin quase 50 pontos nas pesquisas.

O cenário lembra o de 2008, quando os tucanos se dividiram entre a candidatura à reeleição do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), e a de Alckmin. Um ano depois, quem apoiou Kassab está com Aloysio. Já o grupo de Alckmin comporta dissidências.

Em razão disso, há no partido a certeza de que só o governador José Serra (PSDB) pode arbitrar o embate interno entre seus dois secretários e impedir a realização de prévias ou de uma convenção, se avaliar que isso pode atrapalhar sua campanha a presidente da República. A prioridade, por ora, é consolidar seu nome para a disputa ao Planalto, em uma composição com o governador mineiro, Aécio Neves (PSDB). Isso deve ser feito até janeiro. Depois, focará no cenário estadual até o final de março, prazo final para Alckmin e Aloysio se desincompatibilizarem de seus cargos.

Não havendo definição, o processo pode se estender até a convenção, em junho. O embate, porém, é dado como certo. “Vai ter disputa interna. Não há nenhum problema em passarmos por isso”, afirma o líder do governo na Assembleia, Vaz de Lima (PSDB), historicamente ligado a Aloysio.

Até que a disputa seja explícita, o trabalho é nos bastidores, onde Aloysio tem liderança absoluta. Seus apoiadores apostam na força da máquina do governo paulista – da qual Aloysio é o gerente – e na rejeição a Alckmin, no partido e entre os aliados, para construir sua candidatura.
Cálculos do PSDB mostram que na Câmara Municipal de São Paulo, dos 12 vereadores, apenas um tem apoio declarado a Alckmin: seu ex-secretário de Assistência Social, Floriano Pesaro. O ex-governador tinha outro vereador ao seu lado, seu também ex-secretário de Educação Gabriel Chalita que, sem espaço no partido, assina amanhã sua ficha de filiação ao PSB para concorrer ao Senado. Na Assembleia Legislativa, dos 23 deputados, o cálculo é de que 21 estão com Aloysio. A bancada federal se divide, mas ainda assim a preferência é por Aloysio: 9 x 7.

O que explica esse quadro é, primeiro, o relacionamento político-financeiro que Aloysio tem construído com as bases estaduais. É ele o principal responsável pela liberação das emendas parlamentares e pelos convênios assinados entre o Estado e os municípios. Só nos dois primeiros anos do governo, foram liberados cerca de R$ 210 milhões diretamente para prefeitos e R$ 227 milhões para deputados estaduais, ambas dentro de uma rubrica orçamentária específica da Casa Civil, denominada Unidade de Apoio aos Municípios. Na gestão anterior, do próprio Alckmin, os valores dessa rubrica eram, segundo o governo, “muito menores”. Cotas orçamentárias para deputados estaduais, hoje em R$ 3 milhões, nem existiam.

Outro fator é o crescente isolamento político-partidário de Alckmin, dentro e fora do PSDB. Sua atuação nos três últimos processos eleitorais levaram a isso. Em 2004, tentou impor seu polêmico secretário de Segurança Pública, Saulo de Castro Abreu Filho, como candidato a prefeito, uma figura sem qualquer ligação histórica com o partido.

Dois anos depois, o PSDB sangrou na disputa entre Serra e Alckmin para a candidatura à Presidência. O atual governador ia melhor nas pesquisas, mas Alckmin e seu grupo disseminavam a tese do “candidato natural”, uma vez que Serra teria de deixar a prefeitura ao passo que Alckmin estava em seu último ano no governo do Estado.

Mas são das eleições de 2008 que ainda restam as grandes feridas. Parte dos tucanos apoiava Kassab, já que se tratava da manutenção da aliança em que fora eleito em 2004, como vice de Serra. Outra parte, o grupo de Alckmin, se apoiava na liderança nas pesquisas para impor sua candidatura. Ao final, o ex-governador não chegou ao segundo turno.

Muitos dos tucanos que ficaram com Kassab foram chamados de traidores e chegaram a sofrer ameaças de expulsão. Fundador do partido, o secretário paulistano de Esportes e deputado federal licenciado Walter Feldman é um deles. Cauteloso, não se posiciona na disputa mas diz que ela é bem-vinda. “O partido só se fortalecerá na luta interna. O que prejudica o PSDB é ter medo disso. Será uma boa disputa entre os dois.”

A formação de uma forte corrente favorável a convenção ou às prévias não é único revés que Alckmin enfrenta. Ele assiste ainda à defecção de antigos aliados. Um exemplo é Tião Farias, muito ligado a Mário Covas e um dos poucos vereadores que em 2008 foram de Alckmin. Lotado na Secretaria Estadual de Transportes Metropolitanos, está com Aloysio. Outros dois alckmistas de carteirinha também desembarcaram, o atual vereador Carlos Bezerra Júnior e o deputado estadual Marcos Zerbini. Procurados, Farias e Bezerra não responderam ao pedido de entrevista. Zerbini disse que “não queria comentar o assunto”.

O ex-secretário municipal das Subprefeituras, Andrea Matarazzo, que ajudou Alckmin nos conflitos internos em 2008, está fechado com Serra. Será uma espécie de assessor político especial do governador. O presidente do PSDB paulistano, José Henrique dos Reis Lobo, ligado a Alckmin e importante ponte entre ele e Serra, enfrenta desprestígio com a base municipal. Tem o diretório, mas não o diálogo com a Câmara e a prefeitura.

No DEM de Kassab, o discurso é de que o apoio é total a quem Serra indicar, embora seja nítido o desconforto com a hipótese de que Alckmin seja esse nome. Um sinal disso é a colocação de Kassab como nome viável ao governo do Estado. O DEM também baseia-se em pesquisas internas que dão viabilidade eleitoral a Kassab no Estado e no crítico cenário nacional que o partido prevê enfrentar em 2010, após oito anos de oposição ao popular presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A opção do PSDB pela candidatura Aloysio deixaria uma porta aberta a Kassab caso o secretário tucano se mostre pouco viável até abril, prazo da desincompatibilização.
Mais próximo aliado de Kassab em Brasília, o deputado federal Guilherme Campos (DEM-SP), ex-vice prefeito de Campinas e coordenador da bancada paulista federal do DEM, diz que o projeto da legenda é fazer Serra presidente e apoiar quem este indicar à sucessão. Afirma ainda que liderança em pesquisa, a um ano das eleições, é irrelevante. “A pesquisa nessa fase pré-eleitoral é um cenário que mede antes o nível de conhecimento do que de viabilidade eleitoral. Não dá para comparar a exposição e a presença na mídia que o Alckmin tem com a do Aloysio. É só pegar o exemplo de 2008, com o Kassab. Alckmin liderava e perdeu. Kassab decolou”, afirma.
O PMDB do ex-governador Orestes Quércia também está fechado com Aloysio, que foi homem forte nas duas últimas gestões do partido no Estado. Além disso, há resquícios de 2008. Na campanha, Alckmin, ao criticar a aliança de Kassab com Quércia, disse que o ex-governador “quebrou o Estado”.

Em meio às dificuldades, os alckmistas adotaram a seguinte premissa: esquecer os conflitos de 2008, pois eleição para presidente e governador tem nuances diferentes da de prefeito e o foco agora deve ser construir o melhor cenário no Estado para que Serra seja eleito presidente.
“O objetivo é ganhar a presidência e criar cenários para que isso se dê da forma mais favorável possível. Não se pode pensar 2010 com a cabeça de 2008″, diz o deputado federal Edson Aparecido (SP), fiel a Alckmin. Para ele, não se pode querer “turbinar cenários que hoje não existem”. “As questões que fazem parte de um processo eleitoral para presidente e governador são absolutamente distintas”, diz.

O também deputado federal Silvio Torres (SP), do mesmo grupo político, aposta no governador José Serra para unir o partido. “Os problemas são perfeitamente superáveis a partir do momento em que Serra conduzir esse processo. Não vamos nos perder em malquerências do passado. O projeto Serra presidente passa por candidaturas fortes nos Estados. É essa visão amadurecida que precisamos ter”, afirma.

A prioridade de fazer Serra presidente é uníssona entre os dois grupos. A diferença é que os defensores de Aloysio acham que seus 2% nas pesquisas podem ser alavancados com certa facilidade. O partido tem a máquina, a aliança tem a quase totalidade dos 645 municípios paulistas e os investimentos em 2010 serão grandes. Por outro lado, se o crescimento nas pesquisas demorar a acontecer, o PSDB corre o risco de enfrentar uma dura eleição no Estado que comanda desde 1995, colocando em risco o projeto principal de voltar ao governo federal. “As atenções não podem estar voltadas para a candidatura a governador, mas sim para presidente. Uma disputa em Sao Paulo dispersaria os esforços”, afirma o secretário-geral do PSDB paulista, Cesar Gontijo.

Serra aguarda a definição do cenário até o início de 2009. Precisa, primeiro, compor com Aécio, pois avalia que sem São Paulo e Minas unidos em uma candidatura tucana – trata-se dos dois maiores colégios eleitorais do país – fica difícil se contrapor ao favoritismo petista no Norte e Nordeste. Quer partir de uma base de 70% em seu Estado. Para atingir esse índice precisa de um candidato forte.

“Para Alckmin ter chance precisa se aproximar desses setores que têm reclamações contra ele, caso contrário corremos o risco de DEM e PMDB até fazerem um candidato. Isso pode ser evitado”, diz o secretário municipal de Participação e Parceria, Ricardo Montoro (PSDB). Assim como outros tucanos próximos a Kassab, ele também acha que só a pesquisa não será suficiente para dar amálgama à candidatura Alckmin. “Não se iluda com Ibope. Ibope é nível de conhecimento, não é voto definido. Quem acha diferente disso não entende de política.”

Procurado por meio de sua assessoria, Alckmin não foi localizado pela reportagem. Em público, tem emitido sinais de composição. Por exemplo, costuma comparecer a eventos em que Kassab está e já conversou com Quércia. Mas ainda que prevaleça seu nome, terá que ceder. O desenho atual, caso isso ocorra, é de que Kassab indique o candidato a vice – possivelmente o secretário estadual de Trabalho, Afif Domingos – e que, para ajudar na campanha de Quércia ao Senado, o PSDB lance apenas um nome ao cargo. Por outro lado, pode avaliar que sua situação no partido está muito difícil e aceitar sair para o Senado ou procurar outra legenda para se candidatar, como fez Chalita ao ir para o PSB. Teria até a próxima semana para fazê-lo.

2.9.09

Collor prepara-se para voltar ao cargo que o projetou ao Planalto

Caio Junqueira, De Maceió, Valor Econômico, 30/08/2009

Vinte anos depois de sua eleição à Presidência da República, o senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL) prepara-se para tentar retomar o cargo de onde saiu para disputar o Palácio do Planalto: o governo de Alagoas. Aos 60 anos, voltou à velha forma agressiva que marcou sua ascensão à política. Controla a TV, rádio e jornal das Organizações Arnon de Mello que o projetaram no Estado, selou uma reaproximação com um antigo aliado, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), e explora, com eficiência, perante os alagoanos, a aura de injustiçado pelo impeachment.

Além de velhos companheiros de 1989, agregou novos entusiastas, muitos dos quais na mira da Polícia Federal. Entre os principais articuladores, está o deputado estadual Cícero Ferro (PMN), preso pela Operação Taturana, que apurou desvios de mais de R$ 280 milhões de recursos públicos. Ferro é ardoroso defensor da candidatura: “Collor é carismático, tem serviços prestados ao Estado e junta todas as lideranças”.

O deputado federal Augusto Farias (AL), irmão de Paulo César Farias, é outro importante articulador de Collor. Com reduto eleitoral no litoral norte alagoano, a família Farias permanece envolvida em acusações de corrupção. A mais recente foi nas eleições de 2008, quando a PF prendeu seu irmão, Rogério Farias, candidato à reeleição em Porto de Pedras; sua cunhada, então prefeita de Barra de Santo Antônio, Rume Farias; e a filha deles, Camila Farias, candidata em São Miguel dos Milagres. Todos são do PTB.

Ainda integra o grupo do senador no Estado mais dois deputados presos na Taturana: Antonio Albuquerque, ex-presidente da Assembleia Legislativa, então no DEM, hoje sem partido; e o deputado estadual João Beltrão (PMN). Junto com Ferro, os dois são acusados pela PF de crimes de pistolagem. Afastados do cargo, puderam retornar, junto com outros indiciados, por decisão do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes.

Nenhum desses “colloridos”, no entanto, faz sombra ao poder de articulação de Renan Calheiros (PMDB-AL). O dueto de Renan e Collor no Senado, repete-se no Estado. Renan afastou-se do governador Teotonio Vilela Filho (PSDB), candidato à reeleição em 2010 e contra quem Collor pretende concorrer. O afastamento foi selado pela Operação Navalha da PF, em 2007, que prendeu Adeilson Bezerra, secretário de Infraestrutura de Alagoas, apontado como responsável pela ordem de pagamento à construtora Gautama em troca de propina. Ele havia sido indicação de Renan.

Constrangido, Vilela o demitiu e não devolveu o posto a Renan. Depois disso, o MST invadiu a principal fazenda dos Calheiros, em Murici, e o governador não se esforçou para retirá-los de lá. Some-se a isso o afastamento da dona do cartório da cidade suspeita de favorecer os Calheiros em processos de grilagem de terras e a fiscalização do frigorífico Mafrial, acusado de passar notas frias da compra de bois para abate a Renan.

No início deste ano, Renan retirou a última Pasta que tinha no governo, a da Saúde e, pouco depois, indicou Collor para presidir a poderosa Comissão de Infraestrutura do Senado. O movimento teve por objetivo sinalizar que, em 2010, estarão juntos. Segundo seus aliados, Renan avalia que, com Collor, sua reeleição ao Senado corre menos risco, tendo em vista que seu prestígio no eleitorado alagoano caiu muito devido às denúncias feitas pela ex-namorada de seu envolvimento com a Andrade Gutierrez, que culminaram com a renúncia à presidência do Senado em dezembro de 2007.

Renan é presença pública rara em Alagoas. Ausentou-se do evento que deu publicidade à aliança entre Collor e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Palmeira dos Índios, em 14 de julho. Além disso, há concorrentes fortes às duas vagas do Senado, como Heloísa Helena (P-SOL), e o ex-governador Ronaldo Lessa (PDT), favoritos nas pesquisas. Renan vem em terceiro.
Collor, por sua vez, tem interesse em auxiliá-lo como retribuição à indicação à comissão do Senado e porque Renan é melhor articulador político. Embora em baixa no eleitorado, goza de muito prestígio entre os 102 prefeitos alagoanos, que veem nele canal direto e eficiente com Lula e os ministérios. Apenas do PAC, até 2010, em transporte, energia, irrigação, saneamento e habitação, serão cerca de R$ 3,5 bilhões em investimentos — 17 vezes o que o governo estadual pretende investir em 2009.

O trabalho é para que essa chapa Collor/governador e Renan/senador aglutine, além de PTB e PMDB, o PDT do ex-governador Ronaldo Lessa, PR, PCdoB, PV, PT, PMN, DEM, PTdoB, PRB, PSC e o PP, o que somaria mais de 80% dos municípios do Estado.

Considerado imprevisível em seu Estado, Collor, por ora, nega qualquer tentativa de retorno ao Executivo — federal ou estadual. Ríspido e monossilábico, não quis fazer prognósticos em conversa com o Valor, em seu gabinete em Brasília. Instado a avaliar cenários políticos de 2010, abusou de respostas como “não acho nada” e “não sei”. Solicitado a aprofundar alguma declaração, afirmou que já tinha respondido à questão. Alegou não ter pesquisas para traçar um perfil de seu eleitorado em Alagoas. Em relação ao fato de o Estado ser um dos recordistas em fraudes e assassinatos eleitorais, disse não ser “muito afeito” a esta agenda.

A cautela sobre o que fará em 2010 pode ser atribuída à existência de um obstáculo a ser contornado para que seu plano dê certo: Cícero Almeida (PP), prefeito de Maceió, reeleito em 2008 com 81,5% dos votos válidos. Nas pesquisas, é ele quem lidera a disputa com cerca de 30%, contra 25% de Collor e 4% de Vilela.

Dono de uma uma carreira política meteórica — foi vereador, deputado e prefeito em menos de dez anos — lembra Collor no apelo à religiosidade e Lula na habilidade para composições. No primeiro mandato, governou com partidos conservadores e investiu na infraestrutura tanto de áreas ricas quanto pobres. Foi criticado pela pouca ênfase na área social e no segundo mandato deu ao PT a secretaria da Educação e Assistência Social; ao PCdoB, a Fundação Municipal de Ação Cultural; e ao PDT, Governo e Economia Solidária.

Em seu gabinete, repleto de imagens de santos e de quadros em que aparece sorridente, Cícero, que costuma usar a terceira pessoa para falar sobre si, promete decidir se sai ou não candidato até dezembro. “Preciso ter os pés no chão, um grupo consolidado. Não sendo Collor o candidato, a gente tem a eleição ganha. Se a situação ficar dividida, tenho que pensar duas vezes”, afirma, propenso a ser o palanque da provável candidata do PT a presidente, Dilma Rousseff. “As pessoas gostam de olhar no olho e sentir confiança. E a ministra olhou nos olhos do prefeito Cícero Almeida e sentiu isso.” Resume algumas das razões de sua popularidade: “Tenho anos de trabalho como repórter policial no rádio, um programa de forró, sete CDs gravados, 40 composições. Todo mundo tem Cícero Almeida em casa.”

O possível racha do bloco idealizado por Renan e Collor também se baseia na força do PP, sigla que mais cresce no Estado, muito em razão dos recursos do Ministério das Cidades, comandado pelo ministro Márcio Fortes, da mesma legenda. Desde 2004, o partido passou de cinco prefeituras em Alagoas para 22, à frente do PMDB de Renan (19), do PTB de Collor (19) e do PSDB de Vilela (13).

Com 43 anos de vida pública, o presidente estadual da sigla, deputado federal Benedito de Lyra, ex-Arena, PDS, PFL e PTB, é uma espécie de mentor político do prefeito de Maceió. De antemão, avisa quais poderiam ser os termos de uma eventual coligação com Collor: “Sempre ajudei a eleger, nunca a governar. O que disse a ele foi que o projeto de 2010 não pode ser pessoal, mas de Alagoas”. Tem certeza de que os dois senadores estarão juntos em 2010: “Renan é o principal articulador dele. Para onde um for, o outro vai.”

O receio maior do PP é partir para uma concorrida disputa contra Collor ao governo e correr o risco de deixar a Prefeitura de Maceió, depois de um ano e três meses de mandato, nas mãos da vice Lourdinha Lyra (PRB), irmã de Thereza Collor e filha do usineiro João Lyra. Cícero e Lourdinha não confiam um no outro, apesar de o prefeito garantir que os desentendimentos fazem parte do passado. Outro problema é que Cícero foi indiciado pela PF na Operação Taturana, sob a acusação de ter contraído um empréstimo irregular quando era deputado, usando como garantia a verba de gabinete da Assembleia e o aval do Legislativo alagoano. Na semana retrasada, foi denunciado pelo coordenador do Movimento Nacional de Combate à Corrupção Eleitoral em Alagoas por enriquecimento ilícito e movimentação financeira fraudulenta. Para Cícero, tudo não passa de campanha difamatória, tendo em vista que lidera as pesquisas para o governo.

O provável principal adversário de Collor, governador Teotonio Vilela, tem assumido um discurso de composição com os cotados para enfrentá-lo. Por ora, é de que tanto Collor quanto Renan são bem vindos ao seu lado em 2010. “Nas duas únicas eleições em que não concorremos eu e Renan do mesmo lado, perdemos. Em 1990 não o apoiei ao governo, e em 1992 ele não me apoiou para prefeito. Pode ser coincidência, mas é fato”, disse.

Palanque tucano em 2010, Vilela é só elogios a Lula. “O presidente tem tido uma postura mais que republicana, solidária, amiga, conosco. Nunca me pediu nada em troca”, afirmou, às vésperas da terceira visita de Serra em menos de dois anos.

Atribui seu baixo índice nas pesquisas ao fato de suas ações ainda não terem aparecido à população. “É um trabalho de reconstrução de um Estado. Melhoramos a máquina administrativa, enxugamos o Estado”. Vilela afirma que avanços sociais serão notados em 2010. Cita como feitos saltos na habitação popular, no saneamento e na redução da mortalidade infantil.

Nos primeiros dois anos da gestão fez um ajuste fiscal para que o Estado recuperasse sua capacidade de endividamento, o que ocorreu apenas este ano. Foram tomados cerca de R$ 380 milhões junto ao Banco Mundial. Como contrapartida, o governo se comprometeu em consolidar o ajuste fiscal. Ocorre que esse ajuste afetou sua popularidade. Logo que assumiu, Vilela baixou decretos cancelando aumentos do funcionalismo público, concedidos no fim da gestão de seu antecessor, Ronaldo Lessa (PDT). Além de ser o estopim para o rompimento de Lessa com o governo que ajudara a eleger, o episódio serviu também para reavivar o movimento sindical no Estado, que estava fechado com Lessa. A partir daí, as greves não cessaram.

Os críticos apontam um governo solitário, centralizado na figura do governador, do seu secretário-chefe do Gabinete Civil, Alvaro Machado, e do seu secretário de Planejamento, Sérgio Moreira, que blindam Vilela do acesso aos aliados — hoje restritos ao PSB e ao PPS. Um retrato disso é que uma antiga aliada, a ex-prefeita de Arapiraca Célia Rocha, militante histórica do PSDB alagoano, rompeu com Vilela e foi levada por Collor ao PTB. Com alta popularidade em sua cidade, a segunda maior do Estado, deve conduzir o Agreste —um terço do eleitorado de Alagoas— a uma maciça votação em Collor. “Cara-pintada só apareceu com Collor, mas corrupção houve com todos os presidentes. E ele ainda foi inocentado depois”, afirma ela, pré-candidata a deputada federal, que completa: “Collor e Renan juntos são muitos fortes”.

Do grupo que o elegeu, Cleto Falcão é o único que vive em crise

Caio Junqueira, De Maceió, Valor Econômico, 30/08/2009

Do grupo político que levou o senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL) à Presidência da República em 1989, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) é o mais bem sucedido dos sobreviventes.

Renan foi o primeiro líder do governo na Câmara, mas os dois se afastaram quando Collor optou por Geraldo Bulhões como candidato ao governo do Estado, em 1990. Dois anos depois, viria a revanche: Renan votou a favor do impeachment do presidente. Ficaram a maior parte do tempo afastados. Na eleição que selou o retorno de Collor aos mandatos eletivos, Renan não o ajudou. Foram os interesses de 2010 que os reaproximaram.

O interlocutor do governo Collor com os bancos na campanha de 89, Lafayette Coutinho, que veio a ser presidente da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil, vive em um apartamento de altíssimo padrão em uma área nobre de São Paulo. Perto dali, presta consultorias na área financeira. Na época, era vice-presidente da Febraban. “Juntamos Bradesco, Itaú, Real, Econômico, Bamerindus, Nacional e Noroeste para fazer as doações. Ele tinha o discurso que queríamos: pró-mercado, era contra a hipertrofia do Estado, a favor da recuperação dos investimentos do Estado e combate à inflação”, diz.

Coutinho afirma que as maiores somas foram para a campanha de Collor, mas que também foram ajudados Guilherme Afif Domingos (PL), Paulo Maluf (PDS), Aureliano Chaves (PFL), Ronaldo Caiado (PSD) e Ulysses Guimarães (PMDB). Conta ainda que para Mário Covas (PSDB) foram doados US$ 500 mil, mas como ele não era unanimidade entre os banqueiros, decidiu-se liberar o dinheiro em parcelas semanais de U$ 100 mil, para que sua campanha não deslanchasse.

O jornalista Cláudio Humberto mantém relacionamento com Collor, embora não seja mais o grande conselheiro, como era na campanha de 1989. A sua coluna de notas políticas é uma das mais lidas do jornal de Collor, “Gazeta de Alagoas”.

Pedro Paulo Leoni Ramos, amigo de juventude em Brasília nos anos 60 e ex-secretário de Assuntos Estratégicos em seu governo, também permanece próximo e fala-se com Collor com frequência. Ele mora em São Paulo e atua na Globalbank Participações e Investimentos, empresa que faz investimentos no setor de infraestrutura, principalmente em pequenas centrais hidrelétricas.

Cleto Falcão, ex-líder do PRN na Câmara, rompido com Collor antes do impeachment, passa por dificuldades financeiras, em Maceió, desde sua derrota eleitoral em 1994. Assim como ele, outros protagonistas daquela campanha permanecem afastados de Collor.

Seu irmão, Leopoldo, um dos responsáveis pela campanha em São Paulo, mora na capital paulista, onde luta contra um câncer. Estão rompidos há anos. Em declarações à imprensa, afirmou que o irmão mantém contas bancárias no exterior, o que Collor nega.

O responsável pelas pesquisas que direcionaram o discurso e a campanha de Collor, Marcos Coimbra, continua presidente do Instituto Vox Populi, de Belo Horizonte, onde também vive seu pai, o ex-embaixador Marcos Coimbra, casado com a irmã mais velha de Collor, Leda.Secretário particular de Collor na Presidência, Cláudio Vieira tem um escritório de advocacia de pequeno porte, em Maceió. Fala com o senador constantemente e tem, no seu rol de clientes, a Organização Arnon de Mello, da família Collor.

Em Roteiro, Collor iguala-se a Lula

Caio Junqueira, De Roteiro, Valor Econômico, 02/09/2009

“Bem vindo ao Paraíso”. A placa, cravada de balas, faz referência à praia do Gunga, incluída em qualquer guia turístico como uma das mais bonitas do país. Está fincada no limite entre o asfalto da rodovia AL-420 e os 12km da estrada terra que chega ao município de Roteiro. Foi lá que, há 20 anos, Fernando Collor de Mello conseguiu 87,7% dos votos, proporcionalmente seu melhor desempenho no país.

Essa devoção a Collor, porém, trouxe pouco retorno para Roteiro. Menos de 0,1% das residências têm acesso a esgoto sanitário. Água encanada, só em 37,8% dos lares. Metade da população é analfabeta. A cidade também está no roteiro da violência do Estado. Os carros transitam em baixíssima velocidade pela acidentada estrada de terra e se tornam alvo fácil de assaltantes encapuzados, que param os veículos e tomam os pertences de seus passageiros. Ali Collor está no mesmo patamar de devoção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

“Foi ótimo presidente, é trabalhador e honesto. É um rapaz vistoso e o povo fica tudo doido com ele. Fica doido também com o Lula. Eles são ótimos. Todos são bons, não tenho o que dizer desse povo”, diz Sebastião dos Santos, 59, sorveteiro. Sua avaliação coincide com a do músico Edvani Nascimento, 37 anos: “É um cara que sabe trabalhar. O tempo que ele passou presidente foi muito bom. Meu pai sempre falava que ele era legal. Desde pequeno escutando isso, ficou”.

O encantamento vem adicionado ao modo de falar, “elegante”, e a trajetória “em defesa dos pobres”. “Quando aparece um para trabalhar pela pobreza aparecem outros mil contra ele.
Collor é que nem o Lula. Só ricão pra ver se tira ele. Quando aparece um para trabalhar pela gente o rico quer que só trabalhe para ele”, diz o cortador-de-cana José Luciano da Silva, 35 anos, funcionário da usina Caetés e morador de uma simples casa com uma das melhores vistas da cidade, a laguna de Roteiro. “Collor saiu por causa dos poderosos. O povo apoia Collor, ele já mostrou serviço. Se fosse pelos pobres ele teria continuado. Quando veio, Roteiro fechou para olhar o homem. Prometeu muita coisa boa” disse.


Na campanha ao Senado em 2006, Collor chegou no helicóptero “288, o senador do povo” pela manhã, desceu a colina acompanhado da multidão e improvisou um palanque nas escadarias da igreja, de onde avistava a laguna de Roteiro e a imagem de padre Cícero, o “santo nordestino”, encrustrada a poucos metros do seu palanque. “Quando ele veio foi o maior assombro, uma euforia. As pessoas comentam até hoje. Foi um dia extraordinário”, afirma Alex, o padre da cidade.

“Ele é simpático, o jeito de se comunicar com as pessoas. Ele passou aqui, as pessoas aplaudindo, ele dava a mão, perguntava se tava tudo bem. Já teve gente que veio aqui e nem olhava para nós”, afirma Maria Antonia Silva, 50 anos, moradora da principal rua da cidade.Entre as promessas, está o asfaltamento da estrada de terra, que ainda não chegou nesses dois anos e meio de mandato no Senado, o que em nada mexe no imaginário do roteirense de que Collor é trabalhador.

“A pista aqui para Roteiro quem fez foi ele”, continua José Luciano, referindo-se à estrada de terra.O impeachment de Collor é considerado pela população uma perseguição política e, desse modo, uma injustiça cometida contra ele. “A desgraça do Collor foi o irmão dele. Ele foi o culpado. O irmão botou a fama nele e o pessoal acreditou. Porque o que se passa hoje no mundo e o que a gente vê na tevê é tudo muito pior e porque só ele teve que sair do cargo?”, afirma o aposentado Cícero Pedro dos Santos, 80 anos, “ex-tudo” segundo ele. Já cortou cana, já fez tijolo, já carpiu pasto, já plantou muda. “Não tenho muita lembrança de quando Collor foi presidente, mas foi um bom governador e presidente. Nunca me fez mal. É uma boa pessoa. Dentro do Brasil não teve presidente como Collor e Lula. Só trabalham contra a pobreza. A volta do Collor é boa para tudo”, acrescenta.

A merendeira da única escola da cidade, Nelci Sebastiana, 52 anos, lembra de sua saída da Presidência. “A saída foi ruim para ele e para as pessoas que amavam ele. Mas dez vezes que ele se candidatar eu voto nele. É o meu presidente. O dia em que ele veio aqui a gente andou na rua. Gosto do jeito dele de se expressar. Ano que vem voto nele pra governador e no Lula para presidente”, diz.Para Edvani, o músico, os acontecimentos que derrubaram Collor não tiveram sua participação. “O roubo que teve não foi culpa dele, foi do pessoal dele”.

Felipe Hermann, 20 anos, é uma das poucas vozes dissonantes. Filho de um pastor da Assembleia de Deus, figura entre os 343 moradores da cidade (7,2%) que completaram o ensino médio. Uma exceção frente aos 2.661 sem instrução (55,6%) e aos 1.745 que terminaram apenas o ensino fundamental (36,5%) no município. Ele interrompe a leitura do livro “Herança Sacerdotal”, escrito pelo pastor Rene Terra Nova e destinado a filhos de pastores. E critica Collor e seus eleitores.


“Para mim, Collor é um Hitler bonzinho, pela capacidade de persuasão que tem e pelo poder de suas palavras. Não sei o que o povo vê, é um feitiço, ele encanta as pessoas. É algo inexplicável. É um mito”, afirma.

Ele classifica de injustiça o que Collor fez com os alagoanos e os brasileiros. “Tantos alagoanos lá no poder e Alagoas nesse Estado. É mal de alagoano se iludir com pouca coisa e palavras bonitas. É como se tivesse ouvido tapado. A população é muito desinformada. Essa cidade vai continuar afundando na lama”. Collor voltou a Roteiro em 2008, para auxiliar na campanha de reeleição do prefeito Fábio Jatobá (PTB). “Quando disse que ele ia vir o povo morrer só faltou morrer”, afirma. Para ele, é difícil definir os motivos da força de Collor. “O que ele já passou, o que já sofreu na vida política dele faz com que ele seja o que é. É Collor. É Collor. É difícil de explicar. E não é porque ele é senador. Ele seria Collor, seria forte, mesmo se não tivesse o mandato”.

A presença de Collor na campanha acabou surtindo efeitos. Jatobá foi reeleito com 94,92% dos votos da cidade, um dos maiores percentuais do país. O desempenho se torna ainda mais aviltante ao levar em conta que ele exercera apenas um ano e meio de mandato. O motivo é que o prefeito anterior, Edvaldo dos Santos Ribeiro, foi assassinado junto com dois auxiliares em 2006, no crime que ficou conhecido como a “chacina de Roteiro”. Como a vítima já tinha assumido o cargo na condição de vice, uma vez que o prefeito eleito em 2004 renunciara ao cargo, houve novas eleições, conforme determina a lei.

O crime ocorreu na estrada de terra que leva a Roteiro. A mesma em que sua população é assaltada frequentemente, e que Collor, nas vezes que foi a cidade, não viu, vez que chegara de helicóptero. Restaram dois sobreviventes da chacina, que não viram os rostos dos encapuzados assassinos. O crime permanece impune. E Collor lá ainda reina soberano.

Fronteira agrícola ampliou margem da vitória

Caio Junqueira, De Maceió, Valor Econômico, 02/09/2009

Tocantins foi o Estado que proporcionalmente mais votos deu a Fernando Collor de Mello no segundo turno das eleições, em 17 de dezembro de 1989. Quatro outros Estados lhe deram votações superiores a 70% naquele primeiro turno: Roraima, Alagoas, Mato Grosso do Sul e Pará. Tirando seu Estado de origem, os demais têm em comum sua condição de fronteira agrícola, onde a população costuma ser muito sensível à exploração política do anticomunismo e da ameaça ao direito de propriedade, mote de Collor na reta final da campanha contra Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O professor da Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio César Jacob divide o eleitorado de Collor naquele ano em três bastiões: do eleitor do interior do país, o dos evangélicos pentecostais dos grandes centros urbanos e parte do voto de opinião escolarizado das maiores cidades do país.No interior, aliada à força da vinculação de Luiz Inácio Lula da Silva ao comunismo, o domínio era dos então pefelistas (atual DEM), que fecharam desde o início questão pelo candidato do PRN.

“A direita marchou unida em torno do Collor. O candidato do PFL, Aureliano Chaves, foi abandonado desde o começo. Ulysses Guimarães (PMDB) também. Mas o apoio a Collor foi às escuras, porque Collor batia no presidente José Sarney, do PMDB. Era o que as pesquisas indicavam que ele deveria fazer”, diz Jacob. Os ataques a Sarney se justificavam em sua baixa popularidade.

Em setembro de 1989, o Datafolha divulgou uma pesquisa em que seu governo era considerado ruim ou péssimo por 68% dos entrevistados. A inflação mensal estava por volta dos 80%.Outro aspecto dessas eleições levantado por Jacob é o voto religioso da periferia. “A periferia metropolitana pobre, dominada por pastores evangélicos pentecostais, estava ao lado do Collor e trabalhou para que ele fosse o candidato. Isso explica porque ele teve força nessas regiões das capitais do país”, afirma o professor, que fez trabalhos analisando os resultados eleitorais em todas as eleições presidenciais desde 1989.

O terceiro fator foi o voto de opinião. Com um discurso liberal, moralizante e antigovernista, Collor conseguiu atingir parte da opinião pública escolarizada das grandes cidades, que se dividiu. “Nesses locais, Collor disputou com a esquerda, representada por Lula, Brizola e Covas, o voto de opinião”, diz Jacob.

As piores votações de Collor ocorreram, pela ordem, no Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Distrito Federal, Pernambuco e Santa Catarina. Nos dois primeiros Estados, a baixa votação se deveu à força de Brizola, que levou seus eleitores para Lula. Santa Catarina era governado por um pemedebista histórico, Luiz Henrique da Silveira, ligado a Ulysses Guimarães. Pernambuco era o Estado natal de Lula e seu governador, Miguel Arraes, então no PMDB, trabalhou em favor do petista. No Distrito Federal, o movimento sindical do funcionalismo público federal era muito forte e ligado ao PT.

No Estado de São Paulo, Collor não mostrou força no primeiro turno, tendo em vista que muitos dos candidatos eram paulistas: Paulo Maluf (PDS), Ulysses Guimarães (PMDB), Guilherme Afif Domingos (PL), Mário Covas (PSDB) e Lula. No segundo turno, porém, o Estado se dividiu entre as duas candidaturas. Lula foi muito forte no ABC paulista, enquanto Collor ganhou no interior. Além do enfoque pelo lado do eleitor, o professor César Jacob aponta outros motivos, do ponto de vista do candidato, que o levaram a vitória.

“Collor introduz em sua campanha elementos até então desconhecidos. Com as pesquisas qualitativas, identifica a opinião média do eleitor para identificar os temas que deveria abordar. Fez também pesquisas de mídia para identificar a agenda dos veículos de comunicação. Passou a fazer o discurso competitivo em cima do que pensava o eleitor e os jornais.” (CJ)