19.3.05

Mudanças no Oriente Médio

Marcio Pinheiro

Hoje, as mulheres podem votar no Afeganistão, os palestinos estão rompendo com os velhos modelos de violência e centenas de milhares de libaneses estão protestando para exigir soberania e direitos democráticos.

Essas palavras saíram da boca de George W. Bush, num discurso no rádio neste sábado pela manhã.

Faltou dizer obviamente que problemas gravíssimos continuam nesses países.

No Iraque, por exemplo, na véspera de completar dois anos de ocupação/guerra, os aliados ainda não suforaram (e vão conseguir sufocar?) a força "rebelde" - o que já custou 1.500 mortes e bilhões de dólares aos países interventores. Sem contar a morte de civis, mulheres, crianças iraquianas, as redes de hospitais e de esgoto destruídas, a proliferação de doenças etc.

Outro problema por vir é bem simbólico: o julgamento, sempre adiado, de Saddam Hussein. O tribunal responsável pelo julgamento tem legitimidade questionada porque violaria a Lei Fundamental, que entra em vigor até o final de 2005. Uma das cláusulas de lei estipula a proibição de tribunais especiais. Sem contar a falta de preparo dos jovens e inexperientes juízes.

Mas voltemos aos argumentos de Bush: ele realmente está fazendo uma revolução no Oriente Médio. As mudanças chegaram até a Arábia Saudita que, acreditem, passou por uma recente eleição (claro que as mulheres não votaram, mas houve um pleito!).

Quer dizer que Bush está certo? Erra quem afirma ou nega peremptoriamente. Os hábitos muito enraizados, o sentimento anti-imperialista e o fundamentalismo são impedimentos fortíssimos na luta pela "imposição (sic) democrática" de Washington e subjetivos ao ponto de não poderem ser enfraquecidos com bombas. Mas outras armas poderão ser usadas em breve pelos superpoderosos.

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