28.7.09

PSDB-SP avalia prévias para a escolha dos candidatos ao governo e ao Senado

Caio Junqueira De São Paulo Valor Econômico 21/07/2009

A exemplo do que deve ocorrer com os governadores de Minas, Aécio Neves, e de São Paulo, José Serra, o PSDB avalia transferir a solução encontrada para a existência de dois candidatos a presidente em 2010 também para a sucessão no Estado de São Paulo: as prévias partidárias.

A hipótese começa a ganhar força e é tida como melhor saída para que os dois pretendentes ao cargo, o secretário da Casa Civil, Aloysio Nunes Ferreira, e o secretário de Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, não façam com que o partido entre em mais uma eleição paulista dividido. Assim como a disputa em plano nacional, os principais defensores da ideia são aqueles que estão com o mais baixo índice de intenção de voto.

No caso, tucanos ligados a Aloysio, que na última pesquisa Datafolha marcou 2% das intenções de voto, no melhor dos cenários. Fica atrás de Antonio Palocci (PT), Luiza Erundina (PSB), Paulo Maluf (PP) e Soninha (PPS). Alckmin atinge mais de 50%.A fórmula por ora que prevalece é de que votem os 4.004 delegados estaduais do partido distribuídos entre os 645 municípios.

Também se avalia a possibilidade de um processo interno eleitoral que restrinja a disputa entre os 105 integrantes do diretório estadual, composto em sua maioria por detentores de cargos eletivos nos planos federal e estadual.Nesse universo, os correligionários de Aloysio dizem que ele venceria uma eventual disputa interna, embalado pela liberação de recursos para deputados estaduais e prefeitos.

O secretário tem percorrido o interior paulista para participar de encontros com lideranças municipais e regionais, nas quais ouve as reivindicações e trabalha para consegui-las. Seu reduto eleitoral é a região de São José do Rio Preto (440 km a noroeste do Estado), uma das mais populosas do Estado, mas sua atuação na Casa Civil tem feito com que ganhe apoio em outras regiões do Estado.

Afastado do comando do governo estadual desde 2006, Alckmin tem nos altos índices das pesquisa sua principal força para ser escolhido candidato. Rivaliza esse apoio popular com os recursos financeiros que Aloysio tem utilizado para se movimentar pelo interior.

Além disso, é um tucano de origem, fundador do PSDB e que praticamente formou o partido no Estado no início dos anos 90. Aloysio é um ex-pemedebista muito ligado a Orestes Quércia, cujo grupo foi reconduzido ao núcleo do poder estadual pelas mãos de Serra. O reduto alckmista mais forte é no Vale do Paraíba, região de Pindamonhangaba (145 km a Nordeste de São Paulo) onde iniciou sua carreira política. Politicamente, a Pasta que ocupa no governo Serra —Desenvolvimento — limita sua atuação no Estado basicamente à definição de políticas de educação superior, técnica e tecnológica. Contra ele pesam ainda recentes embates internos no partido, para ser escolhido candidato a presidente em 2006 e a prefeito de São Paulo em 2008.

Ambos os episódios geraram rachas no partido. Os prós e contras de ambos são suficientes para que dirigentes do partido não especulem sobre quais seriam as chances reais de vitória de cada um deles. O que não falta é bombardeio interno. Para um lado, Aloysio não é tucano de origem (ele se filiou ao partido no final dos anos 90) e só tem apoio pela força do cargo. Para o outro lado, Alckmin é um neo-serrista que passou por cima do governador nas duas últimas eleições. Com esse cenário, as prévias paulistas só acontecerão se Serra não encontrar uma solução que agrade aos dois candidatos.

Embora tenha preferência por Aloysio, o governador paulista imagina que Alckmin partindo de 50% seja imbatível e não lhe traria problemas no Estado que seu partido comanda desde 1995. A disputa entre os dois é impulsionada pelo fato de o indicado ter grandes chances de ser eleito. O governo paulista está presente, diretamente ou com seus aliados, em cerca de 550 dos 645 municípios paulistas. O partido dá a eleição como ganha. Acha que o PT vai entrar apenas para construir o nome de alguém para as eleições seguintes. E que a possibilidade de o deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE) entrar na disputa é o sinal mais claro da falta de opção da oposição e do receio de um péssimo desempenho nas urnas.

A possibilidade de prévias também atinge os candidatos ao Senado. O partido tem quatro nomes em jogo: o presidente estadual do PSDB, deputado federal Mendes Thame; o líder do partido na Câmara, José Aníbal; o vereador em São Paulo, Gabriel Chalita; e o secretário de Educação, Paulo Renato de Souza. Serra tem preferência por Paulo Renato, embora o ex-ministro da Educação não tenha tanta exposição eleitoral quanto Aníbal e Mendes Thame. Chalita é considerado alckmista ferrenho. E, segundo tucanos paulistas, se o grupo de Alckmin não levar a candidatura ao governo ficará com o Senado.

A outra vaga para o Senado está reservada a Quércia. Foi esta a condição do acordo feito em 2008 pelo qual o PMDB apoiaria Gilberto Kassab (DEM).As duas prévias em discussão, porém, não são a única preocupação do governador no cenário eleitoral de 2010 no Estado. Serra tem manifestado apreensão sobre a composição da chapa das eleições proporcionais, que escolherão os deputados federais e estaduais.

O governador quer uma chapa com puxadores de voto. Sem a presença de aventureiros, portanto. Com isso, pretende que o PSDB e seu aliado DEM elejam o maior número possível de parlamentares para a bancada federal que possa dar sustentação a um eventual mandato tucano na Presidência da República. Em 2006, os tucanos elegeram 17 dos 80 deputados paulistas. O DEM elegeu três.Em razão disso, na semana que vem dirigentes estaduais do partido irão se reunir para começar a definir a distribuição de candidatos pelo Estado. A meta é evitar que mais de um candidato dispute a mesma região.

Assim, cada um teria uma faixa de cerca de 330 mil eleitores que seriam o público-alvo de cada um.O partido também conversará sobre as intervenções já feitas este ano em 73 diretórios municipais paulistas em que os tucanos não obtiveram bom desempenho eleitoral em 2008, como Ubatuba, São Caetano, Barretos, Itú, Matão e Mogi-Guaçu. Nesses municípios, as lideranças estaduais —como deputados e coordenadores regionais— indicarão nomes para compor uma comissão provisória, que será responsável pela revitalização local do partido.

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