31.5.04

O projeto de não ter projeto

Caio Junqueira

O presidente nacional do PSDB e candidato às eleições municipais paulistanas José Serra têm sido um bom exemplo do nefasto hábito dos políticos de utilizarem eleições para fazer aumentarem o volume de suas vozes.
Serra foi derrotado nas eleições presidenciais em 2002. Nada mais justo. A estagnação do nos dois últimos anos do governo FHC selaram a derrota do tucano, candidato do ex-presidente e visto pela população como partícipe no crime de colocar o país no sinal vermelho em que se encontra.
Após titubear, ficar em dúvida, despistar jornalistas e correligionários, resolveu, em um rompante, ser candidato. Ainda que seja passível de perdão a dúvida recorrente que o ex-ministro da Saúde teve até a sua decisão (afinal, ser prefeito da terceira maior cidade do mundo não é algo que se decida de uma hora para outra), o que mais impressiona nessa candidatura às pressas é a falta de projetos do tucano para a cidade.
Se ele demorou tanto tempo para tomar a decisão de enfrentar a prefeita Marta Suplicy no segundo turno deste ano, quanto tempo mais irá levar para apresentar o que de fato quer fazer com uma cidade que de problemas _e de promessas_ está cansada?
Por onde vai e dá entrevistas, ele se limita a dizer que São Paulo não tem prioridade, que ele quer ser prefeito porque é da Moóca, que os CEUs não são o caminho, blá, blá, blá. Ou seja, ele fixa-se nas críticas gerais à Marta, algo que qualquer vovô paulistano contrário ao petismo faz.
O único “projeto” apresentado até agora foi o mirabolante “entubamento” do Minhocão, algo que ficaria interessante se a avenida Duque de Caxias (por cima da qual passa a obra malufista) fizesse parte do Hopi Hari ou do Beto Carreiro World.
Da maneira como age, Serra faz da capital paulista um grande palanque não para as mudanças que a cidade precisa, mas para o seu partido, que governou o país por oito anos e sonha em voltar ao topo do Executivo nacional, se possível com ele no comando, a partir de 2007.
Do alto de sua capacidade gestora, o tucano precisa saber separar o cargo partidário que exerce do cargo eletivo que almeja, porque essa divisão, muito embora ele possa pensar o contrário, o eleitor paulistano, que convive com a violência, o trânsito, as enchentes e acompanhará as inaugurações que a gestão Marta Suplicy têm programadas até o final do ano, saberá separar o que é um projeto que poderá melhorar a sua vida do que é um projeto que poderá melhorar a vida do candidato Serra.

Um comentário:

Anônimo disse...

gostei. vou mandar pro grupo.
abraço.